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TRÊS TEMPOS

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TRÊS TEMPOS
ANDRÉ TIETZMANN
ABRIL | 2025
ATÉ 17 DE MAIO | 2025

O QUE SAIU NA MÍDIA

A pintura de André Tietzmann parte da tradição acadêmica e, depois, do rompimento com essa história, que se converte em uma nova tradição moderna. A ruptura com a tradição, tanto na história da arte moderna quanto na obra do artista, se vê por meio da cor inventada na paisagem e da escolha dos corpos nos retratos, porém seu jeito de fazer muitas vezes se mantém fiel aos ensinamentos acadêmicos.

O que poderia soar como anacronismo, revela-se como um ato de resistência em um momento que a história da arte perde sua relação com um tempo evolutivo imaginado no século XX. As rupturas parecem que já não são possíveis, já não há força dominante que defina os rumos do que é boa arte ou não. Arte contemporânea talvez seja então não sobre um momento no tempo, mas sim arte atemporal, em que quaisquer tradições e rupturas convivem, criando um ambiente complexo, impossibilitado de qualquer análise geral ou síntese prática. Cada vez mais, o campo da arte contemporânea parece com um espaço sem lugar e com um tempo sem ligação com o tempo cronológico. A arte atual é feita de todas as formas, a partir de quaisquer referências, articulando todas as formas de fazer da história, a partir de qualquer formação cultural e geográfica, com qualquer intenção.

Nesse momento a análise objetiva se mostra suspensa, impossível, por isso a ausência da crítica de arte no seu formato celebrado do século XX. Não há nem repertório nem ferramentas que dariam conta de tantas simultaneidades e sobreposições. Segundo Arthur Danto, o fim da história da arte já aconteceu, o que sobra é a relação dela com a sociedade e essa relação se torna cada vez menos classificável e definível.

Em Três tempos se reúnem partes do processo de trabalho e da trajetória de Tieztmann na pintura. No térreo da galeria as paisagens, campo de invenção cromática, experimentação com a luz e a ação da pintura de observação ao ar livre. Em sua história, ele também se deslocou para fora da grande cidade em direção a um maior isolamento, e, portanto, uma nova paisagem, quando se muda para o litoral norte de São Paulo, onde ainda vive. Essa experiência solar se visualiza no uso de cores fortes e escolhidas pela sua simbologia, e não por sua representação da realidade. É a luz da praia sobre a tela.

No segundo andar aparece uma série recente de pinturas eróticas, também com uma cor muito forte e deslocada da realidade. Algo de barroco se mostra nos corpos contorcidos, exagerados, que parecem gritam em êxtase e violência, mostrando uma ambiguidade do ato sexual, principalmente, a partir dos rostos e suas expressões emocionais.  

No terceiro andar, uma série nova, de tom mais apocalíptico, dialogando muito com o momento emocional que vivemos enquanto sociedade. Se vislumbram seres que parecem sozinhos e perdidos, num mundo em preto e branco, sem a cor que nutre as duas outras séries. Aqui André mostra o lado mais complexo da sua técnica, resolvendo em luz, sombra e espaço, um estado de desamparo e finitude, um memento-mori com corpos vivos. Parecem estátuas que saíram de seus pedestais e realizam uma última dança, um último movimento para nos lembrar da nossa solidão e do fim que nos aguarda, talvez muito antes do esperado.

Danilo Oliveira

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RUA SIMPATIA, 23
VILA MADALENA - SP

TERÇA A SEXTA  I  10H ÀS 19H 

SÁBADO  I  10H ÀS 18H
+55 (11) 98990-6236
CONTATO@GALERIADEZOITO.COM.BR

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